Genebra, 30 de maio de 2025 – No Dia Mundial Sem Tabaco, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou uma nova publicação que faz um chamado aos governos para proibirem urgentemente todos os sabores artificiais em produtos de tabaco e nicotina – incluindo cigarros, sachês de nicotina, narguilés e cigarros eletrônicos – para proteger os jovens da dependência e de doenças.
Sabores como mentol, chiclete ou algodão-doce mascaram a aspereza dos produtos de tabaco e nicotina, transformando produtos tóxicos em atrativos para os jovens. Os sabores artificiais não só dificultam a cessação do tabagismo, como também têm sido associados a doenças pulmonares graves. Os cigarros, que continuam matando até metade de seus usuários, também são comercializados com sabores adicionados.
“Os sabores artificiais estão alimentando uma nova onda de dependência e devem ser proibidos”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. “Eles minam décadas de progresso no controle do tabaco. Sem uma ação decisiva, a epidemia global do tabaco, que já causa cerca de 8 milhões de mortes a cada ano, continuará sendo impulsionada pela dependência disfarçada com sabores artificiais atraentes.”
A publicação “” ("Acessórios aromatizados em produtos de tabaco aumentam seu apelo", tradução livre) revela como sabores e acessórios, como filtros com cápsulas ou gotas aromatizantes, são comercializados para burlar regulamentações e atrair novos usuários.
Os sabores artificiais são um dos principais motivos pelos quais os jovens experimentam produtos de tabaco e nicotina. Juntamente com embalagens chamativas e estratégias de marketing impulsionadas pelas mídias sociais, a indústria aumentou o apelo dos sachês de nicotina, do tabaco aquecido e dos vaporizadores descartáveis, que se tornaram produtos viciantes e nocivos, direcionados agressivamente aos jovens.
“Estamos vendo como uma geração viciada em nicotina por meio de sachês com sabor de bala de goma e vaporizadores com cores brilhantes”, disse o médico Rüdiger Krech, diretor de Promoção da Saúde da OMS. "Isso não é inovação, é manipulação. E precisamos acabar com isso ".
A OMS reitera que os produtos de tabaco, incluindo os produtos de tabaco aquecido, expõem os consumidores a substâncias químicas cancerígenas e devem ser estritamente regulamentados.
Situação nas Américas
Segundo dados recentes, as Américas apresentaram a segunda maior prevalência de consumo de tabaco entre adolescentes de 13 a 15 anos, com 11,9% de meninos e 10,7% de meninas. Além disso, é a região com menor diferença entre gêneros, o que indica uma equiparação preocupante nos padrões de consumo. Paralelamente, observou-se um aumento no uso de cigarros eletrônicos, especialmente entre adolescentes e jovens. Nessa população, a média de consumo desses produtos nas Américas é de 5,4%, um número alarmantemente próximo à média de consumo de cigarros convencionais, que alcança os 6%.
Diante dessa situação, os países das Américas têm avançado na implementação de medidas eficazes para reduzir o consumo de tabaco e neutralizar as estratégias de sua indústria. Dez Estados Membros adotaram proibições totais à publicidade, promoção e patrocínio do tabaco, incluindo alguns produtos emergentes, como os cigarros eletrônicos; e sete países proibiram completamente a comercialização de cigarros eletrônicos.
Como resultado desses esforços e da implementação de medidas incluídas na Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) da OMS, estima-se que o número de pessoas que consomem tabaco na Região tenha diminuído de 159 milhões em 2000 para 129 milhões em 2025, representando uma redução de 18,87%. Essa tendência reflete o impacto positivo de regulamentações amplamente implementadas nas Américas, como ambientes 100% livres do tabaco e advertências gráficas de saúde nas embalagens, bem como uma crescente conscientização sobre os efeitos nocivos do tabaco para a saúde, a economia e o meio ambiente.
O Dia Mundial Sem Tabaco foi instituído pelos Estados Membros da OMS em 1987 e é comemorado todo dia 31 de maio com o objetivo de conscientizar sobre os efeitos nocivos do uso do tabaco. A campanha deste ano visa expor as estratégias que a indústria utiliza para manipular a aparência e promover o apelo dos produtos de tabaco e nicotina. Ao expor essas táticas, o objetivo é conscientizar, promover mudanças nas políticas públicas e reduzir a demanda, especialmente entre os jovens.
